Das fogueiras ao fogo das palavras: mulheres, resistência e literatura
A Bienal deste ano, com uma curadoria exclusivamente feminina composta por Sarah Diva Ipiranga, Nina Rizzi, Amara Moira e Trudruá Dorrico, sob a coordenação geral de Maura Isidório, promoveu um debate enriquecedor sobre a relevância da literatura na sociedade contemporânea. O tema abordado foi impactante, destacando a importância de eventos como esse para reafirmar o papel do livro na nossa civilização.
Em um mundo cada vez mais digital, o livro enfrenta o risco de ser esquecido, mas sua relevância é inegável e deve ser preservada. A Bienal se mostrou sensível a esse desafio ao incluir uma variedade de discussões, que vão desde a produção de artes como xilogravura e literatura de cordel até rodas de conversa e oficinas, cativando tanto crianças quanto adultos e celebrando o livro como a verdadeira estrela do evento.
Diversos lançamentos marcaram a programação, e neste artigo, destaco alguns deles.
A multifacetada Karla Karenina, com sua obra "Como Dantes", nos oferece um vislumbre de sua alma por meio da história de Sophie, revelando um processo de cura pessoal e profundo.
A literatura infantil também é contemplada na Bienal. Diversos autores e temáticas são destacados. Pri Austin, editora da Guardiã e também autora de livros infantis, lançou na Bienal: O Patinho Esquisito Sabia que Era Bonito, uma emocionante narrativa que encoraja a valorização das diferenças e celebra o poder do amor entre mãe e filho. Lançou também Menino da Cidade, Menino da Roça, um texto poético sobre o brincar que ressalta as diferenças entre o brincar com telas e o brincar criativo.
Por sua vez, Tatiana Sarquis, com coragem admirável, compartilha sua narrativa em "SE TIVESSEM ME CONTADO...". Neste relato, ela nos convida a imaginar viver com a constante incerteza de que "meu filho pode morrer a qualquer momento". Tatiana escolheu VIVER ao lado de Luis Rafael, um menino nascido com uma cardiopatia congênita e um coração imenso. Sua história é um emocionante testemunho sobre a vida e as escolhas que fazemos em busca da felicidade. Toda a renda obtida com a venda do livro será destinada a projetos sociais da Casa da Caridade e ao INCor Criança.
Aline Mendes também traz uma mensagem poderosa em sua obra "MEU DIAGNÓSTICO NÃO ME DEFINE". Ela nos apresenta a difícil realidade de viver com uma doença neurodegenerativa, a mesma que afetou sua mãe, que pode levar à perda de movimentos, visão e fala. Aline compartilha como sua mãe foi fundamental para entender a doença e revela as estratégias que utiliza para viver plenamente, mesmo diante das adversidades impostas pela SCA7.
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