Mais um capítulo surpreendente na investigação sobre um suposto esquema de roubo, adulteração e clonagem de veículos no Departamento Estadual de Trânsito do Ceará (Detran-CE). Oito novos réus foram absolvidos pela Vara de Delitos de Organizações Criminosas, que não encontrou provas de que eles integrassem uma organização criminosa ou se associassem de forma estável para a prática dos crimes. A decisão segue a absolvição de outros oito acusados em outubro do ano passado.
Ao todo, 43 pessoas foram denunciadas após a Operação Forger, deflagrada pela Delegacia de Roubos e Furtos de Veículos e Cargas (DRFVC). Os processos foram desmembrados, e parte dos absolvidos nesta nova decisão também havia sido acusada de adulteração de sinal identificador, corrupção ativa e fraude no comércio. Em depoimento judicial, o delegado Pedro Viana, que liderou a operação, admitiu não poder confirmar a existência de um vínculo estável entre os acusados como uma organização criminosa.
Em maio de 2025:
Em outubro de 2024:
Para os magistrados, a ausência de elementos concretos que comprovassem a intenção de constituir uma associação criminosa foi crucial. A Justiça considerou que as provas indicavam apenas um "concurso eventual de agentes" para a prática de crimes isolados. Diante disso, não houve base judicial para uma condenação por integrar organização criminosa, conforme o próprio Ministério Público requereu. As defesas dos acusados já haviam questionado a validade da denúncia e a falta de justa causa para a ação penal.
Entre os absolvidos nesta etapa estão Hélio Pimenta, Raimundo Milton, Magnus Veras e Carlos Alberto. O advogado de Raimundo Milton celebrou a sentença, destacando a "total inocência" de seu cliente. Os demais advogados não se manifestaram.
A Operação Forger teve como ponto de partida uma interceptação telefônica e a análise de dados do celular de Antônio Wilson Lopes Pereira, suspeito de ligação com o PCC. A Polícia Civil elaborou um relatório técnico e deflagrou a megaoperação, denunciando a existência de uma organização criminosa dentro do Detran-CE, voltada para adulteração veicular, fraudes em transferências, emplacamentos, vistorias e processos de habilitação. Apesar da robustez inicial da operação, a Justiça tem demonstrado cautela ao analisar as provas de formação de uma organização criminosa estável, resultando em um número crescente de absolvições.
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