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EUA: Vacina contra Covid-19 Deixa de Ser Recomendada para Crianças e Grávidas Saudáveis

Decisão anunciada pelo Secretário de Saúde dos EUA, Robert F. Kennedy Jr., altera o calendário de imunização do CDC, gerando debate e questionamentos de especialistas em saúde pública.

27/05/2025 às 15h53 Atualizada em 27/05/2025 às 16h44
Por: Frank Ferreira Fonte: Rede Mult de Comunicação
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Secretário de Saúde dos EUA, Robert F. Kennedy Jr. Foto: Reprodução/ Instagram
Secretário de Saúde dos EUA, Robert F. Kennedy Jr. Foto: Reprodução/ Instagram

Uma reviravolta sem precedentes nas políticas de saúde dos Estados Unidos está reverberando globalmente, com o anúncio chocante de que as vacinas contra a Covid-19 não serão mais recomendadas para crianças saudáveis e mulheres grávidas no calendário de imunização dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC). A decisão, divulgada nesta terça-feira, 27 de maio de 2025, pelo Secretário de Saúde norte-americano, Robert F. Kennedy Jr., marca uma ruptura drástica com as diretrizes anteriores e com o consenso científico internacional.

Em um vídeo divulgado em suas redes sociais, Kennedy Jr. celebrou a medida com a promessa de "Tornar a América Saudável Novamente", alegando que não há dados clínicos suficientes para justificar a imunização adicional em crianças saudáveis. Até então, a vacina era recomendada para todos acima de 6 meses de idade nos EUA.

No entanto, a comunidade científica e especialistas em saúde pública reagiram com perplexidade e forte ceticismo. Michael Osterholm, diretor do Centro de Pesquisa e Política de Doenças Infecciosas da Universidade de Minnesota, descreveu a decisão como "voar sem rumo", questionando a ausência de novos dados que justifiquem uma mudança tão abrupta.

Tradicionalmente, os EUA têm incentivado doses anuais de reforço da vacina para todos a partir dos 6 meses. Embora houvesse um debate crescente sobre focar a vacinação em grupos de alto risco, a decisão de Kennedy Jr. parece ter atropelado o processo de revisão científica, que culminaria em junho com um painel consultivo do CDC.

Especialistas alertam que desconsiderar o processo de revisão científica, pautado em décadas de análise rigorosa de evidências médicas, estabelece um precedente perigoso. Dr. Sean O'Leary, da Academia Americana de Pediatria, e Dr. Steven Fleischman, presidente do American College of Obstetricians and Gynecologists, expressaram profundo desapontamento. "A ciência não mudou", afirmaram, sublinhando que a infecção por Covid-19 durante a gravidez ainda pode ter consequências devastadoras.

A medida levanta preocupações imediatas sobre a cobertura dos seguros de saúde para a vacinação de crianças e gestantes saudáveis, bem como o acesso à vacina para aqueles que, apesar da nova diretriz, ainda desejam se imunizar. Dados do CDC revelam que o coronavírus foi a causa subjacente de mais de 1.300 mortes infantis desde o início da pandemia. Além disso, no pico da crise sanitária, as mortes de mulheres durante a gravidez ou logo após o parto atingiram seu nível mais alto em 50 anos, com a gravidez sendo reconhecida como uma condição de risco que justificava a vacinação.

O impacto dessa decisão para a saúde pública global e a confiança nas instituições científicas permanece incerto, mas o debate e as preocupações já se espalham para além das fronteiras americanas.

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