Jair Bolsonaro (PL) está redefinindo sua estratégia para as eleições de 2026, com um foco claro na conquista do Congresso Nacional. Durante um ato na Avenida Paulista, no último domingo (29), o ex-presidente declarou que não precisa ocupar a Presidência da República para manter sua influência política. "Me deem 50% da Câmara e do Senado que eu mudo o destino do Brasil, nem preciso ser presidente", afirmou. Ele também sinalizou que sua liderança poderá ser exercida efetivamente se mantido como presidente de honra do PL por Valdemar Costa Neto.
A ênfase nas eleições legislativas parece ser uma manobra de Bolsonaro para afastar a crescente pressão para que indique um sucessor ao Palácio do Planalto em 2026. Nos bastidores, especialmente entre líderes do Centrão, há um forte clamor para que o ex-presidente aponte um nome o quanto antes para iniciar a construção de uma candidatura.
Contudo, Bolsonaro tem evitado detalhar se indicaria um de seus filhos, um aliado próximo ou mesmo a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) chegou a afirmar que seu pai "não terá vaidade" em definir um nome para a sucessão.
A situação jurídica de Bolsonaro adiciona uma camada de complexidade à sua estratégia. Atualmente inelegível, ele enfrenta em setembro o julgamento final do processo que apura uma tentativa de golpe de Estado. Aliados próximos acreditam na possibilidade de uma condenação.
Diante desse cenário, o discurso de Bolsonaro e seus aliados tem se concentrado na alegação de perseguição política. Flávio Bolsonaro chegou a classificar o processo como uma "aberração jurídica" e "inquisição", argumentando que não se trata de um julgamento justo.
A estratégia em curso parece ser dupla: por um lado, reforçar as críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF) e, por outro, lançar as bases para as eleições de 2026. O PL, partido de Bolsonaro, já elegeu a maior bancada da Câmara em 2022, um fator crucial para a definição do fundo partidário e do fundo eleitoral. No Senado, Bolsonaro vê a oportunidade de fazer frente ao Supremo, buscando eleger o maior número possível de senadores alinhados à direita em 2026, visando garantir cargos em comissões e na Mesa Diretora de ambas as casas legislativas.
Essa nova abordagem política de Bolsonaro será capaz de consolidar sua influência sem ocupar a cadeira presidencial?
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