Morreu na madrugada desta segunda-feira (3) Ary Sherlock, ator, autor, diretor, dramaturgo, educador, letrista e radialista cearense que fez história na dramaturgia do Estado. Aos 94 anos, ele era considerado um dos principais nomes da dramaturgia local, e pioneiro em artes cênicas e televisivas no Ceará. A causa da morte não foi divulgada.
A notícia foi revelada pelo Grupo Teatral Comédia Cearense e compartilhada pela Secretaria de Cultura do Estado do Ceará (Secult-CE). As publicações exaltam o legado de Sherlock para as artes e o pioneirismo dele frente às telas.
Nascido em Sobral em 1930, foi em Fortaleza que Ary Sherlock fez uma carreira de sucesso. Ao longo de mais de 70 anos ganhou notoriedade nas artes cênicas cearense. Já em 1954, com a peça “Os Mortos Sem Sepultura”, de Jean-Paul Sartre, no Theatro José de Alencar, ganhou notoriedade. O espetáculo continuou sendo encenado por ele nos anos seguintes.
O ator também ficou eternizado pelas encenações da Paixão de Cristo no Ceará. No teatro, onde também ganhou pioneirismo ao lado de nomes como Emiliano Queiroz (1936 - 2024), foi integrante dos grupos Jograis do Ceará, Teatro de Brinquedos e Teatro Jangada.
O presidente do Grupo Teatral Comédia Cearense, Hiroldo Serra, fez um apanhado do legado deixado por Ary Sherlock nos mais diversos trabalhados realizados pelo artista na carreira.
"A arte de Ary, que marcou gerações com sua paixão e dedicação ao palco, será sempre lembrada com carinho e respeito. A Comédia Cearense, em nome de todos os seus membros, se solidariza com a família e amigos neste momento de dor, e presta homenagem a esse grande mestre, cuja contribuição será eterna na história do teatro no Ceará. Ary Sherlock deixa um legado que continuará vivo nas memórias e nas obras que ele deixou para o futuro", lamenta.
Antes mesmo de ganhar os moldes atuais, a história de Ary Sherlock e da televisão cearense se confundiu. Na extinta TV Ceará Canal 2, a primeira emissora do Estado, a liderança do artista foi fundamental para o desenvolvimento da teledramaturgia no Ceará.
Conforme a Secult, Sherlock "assinou colunas sobre literatura, teatro e cinema no jornal Gazeta de Notícias (CE). Também fez novelas das rádios PRE-9 e Dragão do Mar. Escreveu letras para trilhas sonoras das telenovelas 'Quando as Nuvens Passam' e 'As Duas Órfãs'", além da jornada nas artes cênicas do Piauí.
Também teve participação importante no cinema nacional, atuando em filmes como "Luzia Homem" (1987), "Noviço Rebelde" (1997), "As Tentações do Irmão Sebastião" (2006) e "Cine Holliúdy" (2012). Em 2017, recebeu, da diretoria do Theatro José de Alencar, a "Comenda Geração de Ouro", que reconhece trabalhados célebres à cultura cearense.
"Um grande mestre do teatro um ser humano simples e acolhedor. Vá em paz querido", escreveu o ator Luciano Lopes, conhecido por interpretar a personagem humorística Luana do Crato.
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