Nesta quinta-feira (1º), a Polícia Federal em Salvador investigou um empresário suspeito de intermediar uma fraude na compra de respiradores durante a pandemia, envolvendo Rui Costa, ex-governador da Bahia e atual Ministro da Casa Civil. Os respiradores nunca foram entregues.
O empresário Cleber Isaac Ferraz Soares recebeu R$ 1,6 milhão em comissão por intermediar um negócio entre o governo da Bahia e a empresa Hempcare. Um mandado de apreensão ordena que sejam confiscados dinheiro, aparelhos eletrônicos e documentos dele. Em 2022, na primeira fase da investigação, Soares já havia sido alvo de mandados em seu apartamento no Corredor da Vitória.
Na segunda fase da Operação Cianose, a Polícia Federal cumpriu 34 mandados de busca e apreensão e bloqueio de bens. Em 2020, os governadores do Nordeste desembolsaram R$ 48 milhões na compra de respiradores, com um contrato assinado por Rui Costa, que atuava em nome do Consórcio Nordeste. Embora ele esteja entre os investigados, não foi o foco da ação realizada nesta quinta-feira.
Cristiana Taddeo, proprietária da empresa responsável pela venda dos respiradores, fez uma delação premiada na qual revelou que o empresário Cleber Isaac se apresentou como amigo de Rui Costa e de sua esposa, Aline Peixoto, então primeira-dama. No acordo de delação, aprovado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), Taddeo devolveu R$ 10 milhões recebidos pelo negócio, enquanto os restantes R$ 38 milhões teriam sido destinados a outros envolvidos.
Rui Costa nega qualquer irregularidade e afirma ter solicitado o início da investigação. Em uma nota enviada em abril, sua assessoria explicou que, após a não entrega dos respiradores, o então governador determinou à Secretaria de Segurança Pública da Bahia que abrisse uma investigação. Os responsáveis foram presos pela Polícia Civil a pedido da Justiça baiana semanas depois da denúncia. Rui Costa também destacou que, devido à pandemia, as compras realizadas globalmente, incluindo as do Brasil, exigiam pagamento antecipado. Ele ainda reforça que não lidou com intermediários e deseja que a investigação prossiga, garantindo que os responsáveis sejam punidos e que o dinheiro público seja restituído.
A Rede Mult de Comunicações acionou o contato de Cleber Isaac, mas em vão.