Delfim Netto, um dos economistas mais influentes do Brasil, foi o mais jovem a ocupar o cargo de ministro da Fazenda, com 38 anos, em 1967. Ele liderou a economia durante os governos militares de Costa e Silva e Médici, sendo um dos responsáveis pelo chamado "milagre econômico". Também foi signatário do Ato Institucional número 5 (AI-5), o mais repressivo da ditadura militar. Ele estava internado desde o dia 5 de agosto no Hospital Albert Einstein, na Zona Sul de São Paulo, devido a complicações de saúde, cujo motivo não foi divulgado pela assessoria.
Conhecido por fomentar o investimento estrangeiro e as exportações, Delfim Netto proferiu uma de suas frases mais marcantes: "É preciso fazer o bolo crescer para depois dividi-lo".
Em entrevista de 2014, ele afirmou: "Não teve milagre nenhum. O milagre é efeito sem causa. Nossos brasileiros trabalharam, cresceram. Todo mundo melhorou. Uns melhoraram mais que outros. É por isso que se diz que não, a distribuição de renda piorou. A distribuição de renda, o índice mede distância entre pessoas. A distância entre pessoas cresceu, mas todos melhoraram."
Após deixar o cargo na Fazenda, Delfim Netto foi embaixador do Brasil na França de 1975 a 1977, no governo de Ernesto Geisel. No governo de João Figueiredo, ocupou o Ministério da Agricultura e, depois, o do Planejamento. Durante a redemocratização, foi eleito deputado federal por cinco mandatos consecutivos e manteve-se relevante no cenário econômico e político, atuando como conselheiro de presidentes petistas e empresários.
Nascido em 1928, neto de imigrantes italianos, Delfim Netto cresceu no Cambuci, bairro operário de São Paulo. Formou-se na Universidade de São Paulo, onde foi professor assistente e, em 1963, catedrático, recebendo posteriormente o título de professor emérito da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP.
Como ministro da Fazenda, foi um dos mais longevos, comandando o ministério entre 1967 e 1974, período marcado pela expansão econômica. Após sua passagem pelo ministério, foi embaixador na França e, em 1979, assumiu o Ministério da Agricultura, seguido pelo Ministério do Planejamento até 1985. Durante sua gestão no Planejamento, enfrentou a crise financeira mundial dos anos 80.
Após o regime militar, participou das eleições de 1986 para a Câmara dos Deputados e, em 2014, doou sua biblioteca pessoal, com mais de 100 mil títulos, à Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP. Autor de mais de 10 livros e centenas de artigos, Delfim Netto contribuía semanalmente para a "Folha de S.Paulo", "Valor Econômico" e a revista "Carta Capital", com artigos publicados em cerca de 70 periódicos em todo o país.