Nesta sexta-feira (30), o ex-gerente da loja Zara, Bruno Filipe Simões Antônio, foi condenado a um ano, um mês e 15 dias de reclusão por racismo.
O caso remonta a um incidente ocorrido em 14 de setembro de 2021, quando a delegada Ana Paula Barroso, uma mulher negra, foi impedida de entrar na loja em um shopping de Fortaleza.
Apesar de a pena de prisão ter sido aplicada, como o réu é réu primário e a pena não excedeu quatro anos, o juiz determinou a substituição da reclusão por penas alternativas. Bruno Filipe Simões Antônio cumprirá a pena através de prestação de serviços à comunidade e restrição de liberdade nos fins de semana.
Na ocasião, a loja alegou que a delegada não estava usando máscara e estava consumindo um sorvete, o que teria motivado a recusa de entrada por questões de segurança, já que o uso de máscara era obrigatório.
Contudo, imagens de câmeras de segurança mostraram que outras pessoas brancas, também sem máscara, foram permitidas a entrar na loja no mesmo dia.
O juiz Francisco das Chagas Gomes considerou que o ex-gerente tratou a delegada de maneira desigual e excessiva em relação a outros clientes. O magistrado destacou que a abordagem ríspida e a diferenciação no tratamento demonstraram discriminação racial.
Leandro Vasques, advogado da vítima e assistente de acusação, celebrou a sentença e anunciou que Ana Paula Barroso buscará compensação por danos morais na esfera cível. "Esta condenação representa uma resistência contra a discriminação e um reconhecimento dos direitos da delegada. Agora, vamos buscar a reparação adequada pelo constrangimento sofrido", afirmou Vasques.
Durante as investigações, a Polícia Civil do Ceará descobriu que a loja Zara utilizava o código sonoro "Zara zerou" para sinalizar aos funcionários clientes que deveriam ser considerados suspeitos. O delegado-geral da Polícia Civil do Ceará, Sérgio Pereira dos Santos, revelou que pessoas negras e com vestimentas simples eram alvo de suspeitas na loja.
No inquérito, foram ouvidas oito testemunhas, além da delegada e do ex-gerente. Entre os depoentes, uma mulher negra relatou uma experiência semelhante na mesma loja, corroborando o padrão de discriminação identificado.