Seis pacientes no Rio de Janeiro receberam órgãos infectados com HIV, segundo informou a Secretaria de Estado de Saúde do RJ (SES-RJ). O governo estadual classificou o caso como “situação sem precedentes” e anunciou a abertura de uma sindicância para investigar o erro e responsabilizar os envolvidos. O laboratório particular PCS Lab Saleme, em Nova Iguaçu, Baixada Fluminense, responsável pelos exames, foi interditado cautelarmente.
Em nota, a SES-RJ destacou o histórico de excelência do serviço de transplantes do estado, que já salvou mais de 16 mil vidas desde 2006. "Esta é uma situação sem precedentes. O serviço de transplantes no Estado do Rio de Janeiro sempre realizou um trabalho de excelência e, desde 2006, salvou as vidas de mais de 16 mil pessoas”, declarou a Secretaria.
O caso veio à tona quando um paciente que recebeu um coração transplantado começou a apresentar sintomas graves cerca de nove meses após a cirurgia, levando ao diagnóstico de HIV. Ao revisar o processo, as autoridades constataram que pelo menos dois doadores tinham o vírus, mas a triagem realizada pelo laboratório contratado não detectou a infecção, permitindo que os órgãos fossem enviados para transplante.
A SES-RJ havia contratado o PCS Lab Saleme em dezembro do ano passado, em uma licitação de R$ 11 milhões, para realizar a sorologia dos órgãos doados. Após a confirmação do erro, a Secretaria transferiu todos os exames de sorologia para o Hemorio, que agora também reavaliará o material armazenado de 286 doadores desde a data da contratação do laboratório.
A secretária estadual de Saúde, Cláudia Mello, afirmou que “a partir do dia 13 de setembro, toda a doação é passada direto das doações para o Hemorio". Uma comissão multidisciplinar foi criada para acolher e orientar os pacientes afetados.
Além da sindicância, o caso está sendo investigado pela Delegacia do Consumidor (Decon), da Polícia Civil, para esclarecer as circunstâncias e preservar a identidade dos envolvidos.