Nesta segunda-feira (14), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o governo considera a possibilidade de realizar uma nova revisão nas projeções de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para 2023. Em setembro, o governo já havia elevado sua estimativa para 3,2%, após a divulgação do segundo trimestre, que indicou crescimento de 1,4%, superando as expectativas do mercado.
“Talvez a gente tenha que rever mais uma vez o PIB desse ano”, disse Haddad durante o evento Macrovision, promovido pelo Itaú BBA.
Haddad destacou que a economia brasileira tem surpreendido positivamente, e mesmo com "choques recentes", há chances de que a inflação permaneça dentro do teto da meta neste ano. A meta de inflação para 2024 é de 3%, com uma margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos. Em setembro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulava 4,42% em 12 meses.
Apesar da seca histórica e seus efeitos, o ministro acredita que a inflação está sob controle, mesmo com a alta nos preços de alimentos e energia elétrica. Segundo Haddad, “estamos discutindo se a inflação vai ficar dentro do teto da meta ou não”, mencionando também os efeitos residuais da reoneração do diesel, que voltou a vigorar este ano.
Sobre a inflação do diesel, ele comentou: “A inflação do diesel desse ano é de 2022, que foi maquiada no curso do processo eleitoral”.
No evento, Haddad ainda defendeu o arcabouço fiscal, ressaltando que, à medida que o mercado perceber sua consistência, as expectativas de inflação devem se alinhar com a economia real.
Reforma do Imposto de Renda só em 2025
O ministro também abordou a reforma do Imposto de Renda, destacando que a equipe econômica está analisando alternativas para apresentar ao presidente Lula e ao conjunto de ministros. Segundo Haddad, é necessário compreender “quanto significam essas deduções por rubrica” e se há justiça tributária na distribuição.
Ele comentou que ainda há um estudo em andamento sobre a taxação de dividendos, referindo-se às práticas da OCDE para equilibrar as alíquotas. Haddad indicou que o processo é complexo e os estudos são preliminares, com diversas informações sendo levantadas, inclusive no exterior.
“Não sei se será possível fazê-la esse ano, até porque estamos com um calendário apertado e tarefas inconclusas que queremos entregar”, explicou o ministro.
Perspectiva do Grau de Investimento
Questionado sobre a possibilidade de o Brasil retomar o grau de investimento, Haddad demonstrou otimismo com a agenda econômica do governo. Ele destacou que as condições para o desenvolvimento do país “estão quase dadas”, embora ajustes fiscais ainda sejam necessários.
Recentemente, a Moody's elevou a nota de crédito do Brasil de Ba2 para Ba1, com perspectiva positiva, colocando o país a um passo do grau de investimento. A agência apontou um crescimento mais robusto do PIB e o histórico crescente de reformas como fatores determinantes. Haddad ressaltou que a estrutura do arcabouço fiscal é o ponto central para alcançar o grau de investimento, e espera que isso aconteça até 2026.
