As amostras foram avaliadas pelo Laboratório Central de Saúde Pública do Ceará (Lacen), que, em seguida, as enviou ao Instituto Evandro Chagas (IEC) para revisão.

A Sesa afirmou que tomou todas as medidas necessárias imediatamente, incluindo a comunicação formal ao Ministério da Saúde, à Secretaria dos Recursos Hídricos (SRH) e suas vinculadas, à Procuradoria-Geral do Estado (PGE), à Casa Civil e a outros órgãos envolvidos.

Segundo a série histórica da Sesa para a região, até agora não foram encontradas condições clínicas e epidemiológicas de doenças que possam estar relacionadas ao metal no distrito, que fica a 70 km da jazida de Itataia. A secretaria destacou que as funções renais são mais suscetíveis aos efeitos do urânio.

Além disso, a secretaria informou que está implementando um novo plano de amostragem para todo o município de Santa Quitéria. Nesta fase inicial, está sendo feito o mapeamento, com cartografia, dos locais onde a coleta ocorrerá. As novas amostras devem ser coletadas no início de novembro, com um novo processo de análise realizado por Lacen e IEC.

Medidas adotadas

O Governo do Ceará declarou que, desde que soube do resultado do teste sobre a qualidade da água do distrito de Trapiá, tem adotado todas as ações necessárias para mitigar a situação e resolver o problema de abastecimento.

Desde o dia 28 de setembro, o governo implementou uma série de medidas, reconhecendo que a deterioração da qualidade da água se deve a causas naturais, devido à alta concentração do metal no solo. As medidas incluem:

- Criação de um Comitê Emergencial para Gerenciamento de Riscos e Contenção de Danos, composto pelas secretarias da Casa Civil, Recursos Hídricos, Saúde e Procuradoria-Geral do Estado, além dos órgãos Cagece, Cogerh, Defesa Civil e Corpo de Bombeiros Militar;

- Interdição imediata dos pontos de coleta onde foi detectada a presença de urânio;

- Orientação e acompanhamento multidisciplinar da população local, incluindo visitas de técnicos de saúde e abastecimento e a realização de audiência pública;

- Garantia do abastecimento à população com 15 carros-pipa diários;

- Início da operação da adutora nesta semana, que levará água do açude Araras para a localidade, com uma vazão de 18 m³/h;

- Elaboração de um Plano de Contingência em resposta ao evento adverso, com estratégia planejada e intersetorialmente articulada para minimizar os efeitos.

O Governo do Ceará afirmou que outras medidas serão adotadas conforme necessário, com o objetivo de proteger os cidadãos da comunidade de Trapiá.

Maior usina de urânio do Brasil

Em 24 de maio, a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) aprovou a construção do local de beneficiamento de urânio do Complexo de Santa Quitéria, no Ceará. A aprovação foi publicada no Diário Oficial da União quatro dias depois.

A jazida está localizada na fazenda Itataia, entre os municípios de Santa Quitéria e Itatira, a cerca de 210 quilômetros de Fortaleza, e é considerada a maior mina de urânio do Brasil.

A exploração da mina será realizada pelo Consórcio Santa Quitéria, formado pela empresa pública Indústrias Nucleares do Brasil (INB) e pela Galvani Fertilizantes, do setor privado. A proposta é explorar a jazida por 20 anos.