Ebrahim Raisi, que assumiu o cargo em 2021 com mandato até 2025, ocupava a segunda posição mais importante no Irã, sendo superado apenas pelo aiatolá Ali Khamanei, o líder supremo do país, que o considerava um possível sucessor. A morte de Raisi, conforme indicado pelo blog de Sandra Cohen, provavelmente desencadeará uma disputa intensa pelo cargo.
De acordo com relatos da imprensa oficial iraniana, o acidente ocorreu devido às más condições climáticas durante um voo de retorno do Azerbaijão, onde Raisi e outras autoridades estavam presentes.
A queda do helicóptero aconteceu entre as aldeias de Pir Davood e Uzi, na província de Azerbaijão Oriental, cerca de 600 km a noroeste de Teerã, a capital do Irã. Além de Raisi, o acidente vitimou o chanceler do país, Hossein Amirabdollahian. A bordo da aeronave estavam também Malek Rahmati, governador da província de Azerbaijão Oriental, e Hojjatoleslam Al Hashem, líder religioso. Embora as mortes desses dois últimos não tenham sido oficialmente confirmadas, relatos anteriores da imprensa oficial sugeriram a ausência de sobreviventes no local do acidente.
As buscas duraram aproximadamente 12 horas
Apesar da queda do helicóptero ter ocorrido por volta das 13h (horário local) — equivalente a 6h no horário de Brasília —, a aeronave só foi localizada cerca de 12 horas depois. O acesso dificultado ao local e as más condições climáticas dificultaram os esforços de resgate. O helicóptero foi avistado por membros do Crescente Vermelho iraniano após a Turquia enviar um drone equipado com sensores de calor para identificar o local do acidente.
Inicialmente, o ministro do Interior iraniano divulgou que o helicóptero que transportava o presidente teria feito um pouso forçado. Posteriormente, a imprensa oficial esclareceu que a aeronave havia sofrido um acidente devido às condições climáticas adversas.
Quem era Ebrahim Raisi
Ebrahim Raisi foi eleito em primeiro turno em 2021 para um mandato de quatro anos, em uma eleição marcada por uma abstenção recorde e pela exclusão de vários concorrentes pelo Conselho de Guardiães da Constituição. Entre os impedidos de participar da corrida eleitoral estavam o ex-presidente Mahmoud Ahmadinejad, o ex-presidente do Parlamento Ali Larijani, o atual vice-presidente Es-Hagh Jahanguiri e o reformista Mostafa Tajzadeh.
Na década de 1980, Raisi participou das chamadas "comissões da morte", responsáveis pela execução de cerca de 5 mil militantes opositores que se insurgiram contra o regime dos aiatolás. Em 2019, os Estados Unidos impuseram sanções a Raisi devido à sua participação nessas execuções.
Sob o governo de Raisi em 2022, o Irã reagiu violentamente à onda de protestos que exigiam justiça por Mahsa Amini, uma jovem que faleceu três dias após ser detida por não utilizar adequadamente o véu em um local público. Segundo a Agência de Notícias de Ativistas de Direitos Humanos (Hrana), mais de 500 manifestantes foram mortos durante os protestos.
Na ocasião, Raisi afirmou que o Irã deveria "tratar de forma decisiva aqueles que se opõem à segurança e à tranquilidade do país". Internacionalmente, o Irã enfrentou uma escalada de tensão com Israel, que em 1º de abril resultou na morte de sete membros da Guarda Revolucionária em um ataque à embaixada iraniana na Síria. Em resposta, em 13 de abril, o Irã lançou um ataque contra Israel, que retaliou em 18 de abril.
A morte de Ebrahim Raisi gerou repercussão na madrugada desta segunda-feira (20). Sergei Lavrov, ministro das Relações Exteriores da Rússia, expressou condolências, conforme relatado pela Reuters.
"Nós sinceramente estendemos nossas condolências às famílias e amigos das vítimas, bem como a todo o povo amigo do Irã. Nossos pensamentos e corações estão com vocês nesta hora triste."
Hakan Fidan, ministro das Relações Exteriores da Turquia, lamentou a morte do presidente iraniano durante uma entrevista coletiva.
"Desde o primeiro momento em que ouvimos falar do acidente, estivemos em contato com as autoridades iranianas e mobilizamos todos os meios para ajudar nos esforços (de resgate). Instituições relevantes, incluindo o nosso Ministério da Defesa e a autoridade de desastres da AFAD, fizeram o seu melhor, mas infelizmente não conseguimos ouvir boas notícias."
O Líbano anunciou três dias de luto nacional pela morte de Raisi.
Narendra Modi, primeiro-ministro da Índia, expressou suas condolências no X (antigo Twitter):
"Profundamente entristecido e chocado com o trágico falecimento do Dr. Seyed Ebrahim Raisi, Presidente da República Islâmica do Irã. A sua contribuição para o fortalecimento da relação bilateral Índia-Irã será sempre lembrada. Minhas mais sinceras condolências à sua família e ao povo do Irã. A Índia está ao lado do Irã neste momento de tristeza."
O primeiro-ministro do Catar, bin Abdul-Rahman, também prestou suas condolências:
"Sua Excelência o Xeque Mohammed bin Abdulrahman bin Jassim Al Thani, Primeiro-Ministro e Ministro dos Negócios Estrangeiros, enviou uma mensagem de condolências a Sua Excelência o Dr. Mohammad Mokhber, Primeiro Vice-Presidente da República Islâmica do Irã, pela morte de Sua Excelência o Presidente Dr. Ibrahim Raisi e outras autoridades iranianas após a queda do seu helicóptero, pedindo a Deus que lhes conceda a Sua misericórdia."
