Evandro Leitão (PT) vai disputar o segundo turno das eleições em Fortaleza contra André Fernandes (PL). No primeiro turno, a candidatura de Leitão terminou em segundo lugar, com 34,33% dos votos, enquanto Fernandes alcançou 40,2%, uma diferença de pouco mais de 82 mil votos.

Leitão, deputado estadual e atual presidente da Assembleia Legislativa do Ceará, iniciou a campanha com pouca visibilidade perante o grande público, o que refletia uma percentagem modesta nas intenções de voto.

Contudo, após o início do horário eleitoral gratuito no rádio e na TV, em que dispunha de mais de 50% do tempo de propaganda entre os candidatos, Evandro pôde se apresentar e expor suas propostas, além de enfatizar o apoio do governador Elmano de Freitas, do ministro da Educação Camilo Santana e do presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, todos do Partido dos Trabalhadores.

Essa estratégia começou a dar frutos, e Leitão passou a crescer nas pesquisas, alcançando uma votação expressiva em 6 de outubro, que o levou ao segundo turno da disputa pela prefeitura de Fortaleza. Agora, o desafio do candidato é encontrar as "armas" certas para conquistar a vitória na próxima fase.

Apoio Político

Logo após o primeiro turno, Evandro afirmou que as estratégias adotadas, que o fizeram crescer de 4% para 34% nas intenções de voto, foram bem-sucedidas. Assim, é provável que a continuidade dessas estratégias seja mantida ao longo do segundo turno.

A presença de Elmano, Camilo e Lula deverá ser intensa na campanha de Evandro. Nos próximos dias, Lula planeja vir ao Ceará para participar de atos de campanha, enquanto Camilo Santana, que chegou a tirar férias antes do primeiro turno, também deve seguir presente nas propagandas do candidato petista.

Explorar as Fragilidades do Adversário

Enquanto o apoio político deve ser mantido, a abordagem em relação ao adversário, André Fernandes, deverá ganhar novos contornos. Até o momento, o foco das críticas de Evandro estava mais direcionado aos outros concorrentes. Agora, com a disputa restrita a ele e André, a candidatura petista deve expor fragilidades do adversário.

Entre os pontos explorados pelos adversários estão a falta de experiência de Fernandes e o fato de ele nunca ter assumido um cargo executivo.

Outro ponto que deve ganhar destaque é a ligação de Fernandes com o ex-presidente Jair Bolsonaro, cuja imagem apareceu pouco em sua campanha. Evandro busca transformar a disputa em uma extensão da polarização nacional entre Lula e Bolsonaro, uma característica marcante da política brasileira recente.

Comparação de Propostas

Evandro Leitão também promete um debate focado na comparação das propostas de ambos os candidatos. Ao mesmo tempo, pretende destacar posicionamentos do adversário que considera prejudiciais, como a crítica aos programas sociais Bolsa Família e Minha Casa Minha Vida, iniciativas que ele defende.

No campo das propostas, a equipe de Leitão deve continuar criticando propostas de Fernandes que considera inviáveis ou inadequadas para a gestão municipal e para o bem-estar da população.

Desconstruir a Imagem de Moderação

Uma estratégia já usada por candidatos como José Sarto (PDT) e Capitão Wagner (União Brasil) é a exposição de conteúdos antigos — vídeos, postagens e reportagens — sobre polêmicas envolvendo o adversário. O objetivo é não apenas lembrar ao eleitorado os posicionamentos políticos e ideológicos de Fernandes, mas também questionar a imagem de moderação que ele vem transmitindo nesta campanha.

Evandro pretende, assim, consolidar-se não apenas como o candidato apoiado por importantes lideranças políticas, mas como a opção mais preparada para governar Fortaleza, a quarta maior cidade do Brasil, pelos próximos quatro anos.

Conquista de Eleitores

Mostrar um lado mais radical do adversário faz parte da estratégia para atrair eleitores que, no primeiro turno, optaram pelo prefeito José Sarto. Mesmo que o apoio formal do PDT não se concretize, o discurso de moderação de Evandro pode conquistar eleitores que rejeitaram a direita e a candidatura petista inicialmente.

O diálogo com o União Brasil é também uma tentativa de conquistar apoio com base na sintonia com o Governo Federal. No entanto, mais do que um apoio oficial, Leitão busca cativar eleitores que não se consideram de direita e que, mesmo com a queda de Wagner, não se transferiram para Fernandes.