O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) falou nesta terça-feira (29) durante uma visita ao gabinete da oposição no Senado Federal. Em entrevista a jornalistas, ele explicou por que não se envolveu na campanha de André Fernandes (PL) em Fortaleza. Bolsonaro destacou o apoio de Ciro Gomes (PDT) ao candidato derrotado do PL e afirmou que optou por não participar de atos de campanha no segundo turno para não prejudicar o aliado.
“Abrindo o jogo aqui, começou o Ciro apoiando, a esquerda apoiando. Se eu fosse lá, na reta final, poderia atrapalhá-lo. Então deixei ele livre, leve e solto”, disse Jair Bolsonaro.
Ele também ressaltou que seu apoio foi fundamental para o início da campanha. “Agora o 'v0' (em referência à 'velocidade inicial', à largada), toda sua velocidade inicial, foi comigo”, enfatizou.
Apesar do distanciamento durante a campanha, Bolsonaro garantiu que mantém uma boa relação com André Fernandes. “E continuamos amigos. Fico muito feliz em ver uma jovem liderança dessa, de direita, despontando no Nordeste”, afirmou.
Quando questionado sobre um possível diálogo com Ciro Gomes, o ex-presidente revelou que não houve conversas entre eles desde a eleição de 2022. “Gostaria de conversar com ele, não sei se quer conversar comigo. Mas conversaria com ele, sem problemas”, finalizou.
Versão de André Fernandes
Em setembro, durante uma sabatina promovida pelo PontoPoder, Fernandes reafirmou sua aliança com Bolsonaro e minimizou os dados que mostravam uma baixa transferência de votos entre o ex-presidente e sua campanha. Na ocasião, uma pesquisa da Quaest indicou uma transferência de 26% de votos no caso de Bolsonaro.
André afirmou que utilizava o ex-presidente em suas peças eleitorais e que pretendia aumentar essa associação em vídeos. Contudo, destacou que ele seria o protagonista da campanha. “Agora, o que eu gosto sempre de deixar claro, sempre registrado, é que o candidato sou eu. Eu que estou aqui em Fortaleza, construindo o plano de governo junto ao povo, visitando os bairros”, defendeu.
Apoio 'velado'
Ciro Gomes não participou de atos de campanha de Fernandes e não declarou apoio publicamente ao candidato durante as eleições deste ano. No entanto, fez comentários nas redes sociais contra Evandro Leitão (PT) em diversas ocasiões no segundo turno.
Em uma dessas situações, o ex-governador do Ceará chamou Evandro de “ridículo” em um comentário em uma página de humor que repercutiu o último debate promovido pela TV Verdes Mares.
Roberto Cláudio (PDT), ex-prefeito de Fortaleza e presidente municipal da legenda, se envolveu ativamente na campanha do candidato do PL. Correligionários insatisfeitos com a postura de Ciro alegam que ele deu um “apoio velado” ao PL na fase final da disputa, após a derrota de José Sarto (PDT) no primeiro turno.
A ala descontentes até pediu a expulsão do membro do clã Ferreira Gomes, mas essa possibilidade foi descartada pelo presidente nacional interino do PDT, deputado federal André Figueiredo (PDT).
A reportagem do Diário do Nordeste procurou a assessoria de comunicação de Ciro Gomes para comentar sobre as declarações de Jair Bolsonaro e as acusações de apoio feitas por colegas do PDT, mas não obteve resposta até a publicação desta matéria. O conteúdo será atualizado caso haja um retorno.
