A reunião entre o presidente eleito, Donald Trump, e o presidente Joe Biden marcou o início da transição de governo nos Estados Unidos. Em 2021, após perder a eleição, Trump se recusou a receber Biden, o então vencedor da disputa.
Nesta quarta-feira (13), Trump fez sua primeira visita à Casa Branca desde que deixou a presidência, em 2021, para se reunir com Biden. A visita seguiu uma tradição da política norte-americana, simbolizando o início da transição pacífica de poder. Durante o encontro, Trump prometeu uma transição "o mais suave possível".
"Bem-vindo, bem-vindo de volta", disse Biden, que também se comprometeu a garantir uma transição tranquila.
Os dois, que se enfrentaram em um debate eleitoral em junho deste ano antes de Biden desistir da corrida presidencial, se cumprimentaram com sorrisos e troca de palavras amáveis. "Agradeço por isso, Joe", respondeu Trump. "A política é difícil, mas é um bom lugar hoje."
O clima amigável contrastou com a última transição na Casa Branca. Embora a reunião entre os presidentes eleitos seja uma prática comum e tenha como objetivo garantir uma transferência pacífica de poder, Trump havia se recusado a receber Biden em 2020, após a derrota nas urnas. Naquele ano, Trump também se ausentou da posse de Biden, um fato inédito em mais de 150 anos de história do país.
Antes do encontro com Biden, Trump fez um discurso para parlamentares republicanos no Capitólio, onde, quatro anos antes, seus apoiadores invadiram o prédio em uma tentativa de impedir a certificação da vitória de Biden. No discurso, Trump delineou suas prioridades para o primeiro dia de governo e elogiou os legisladores republicanos, que conquistaram o controle do Senado nas eleições e devem manter a maioria na Câmara.
"Não é legal vencer? É legal vencer. É sempre legal vencer", afirmou Trump aos deputados. "A Câmara se saiu muito bem."
Karine Jean-Pierre, porta-voz da Casa Branca, havia declarado que Biden estava comprometido em garantir que a transição fosse "eficaz e eficiente", destacando que essa é a coisa certa a fazer para o povo americano.
Jake Sullivan, conselheiro de segurança nacional de Biden, também afirmou que a administração Biden garantiria uma "transferência responsável" de poder, seguindo as tradições do país.
Encontro histórico na Casa Branca
O encontro de Trump com Biden nesta quarta-feira foi mais do que um simples gesto protocolar, como explicou Jake Sullivan. "Eles vão discutir questões importantes, tanto de política doméstica quanto internacional, incluindo o que está acontecendo na Europa, Ásia e no Oriente Médio", disse o conselheiro de segurança. "O presidente Biden terá a chance de explicar ao presidente Trump como ele vê essas questões, além de conversar sobre como Trump pretende abordá-las ao assumir o cargo."
Tradicionalmente, os presidentes que estão deixando o cargo e os que assumem se encontram na Ala Oeste da Casa Branca, enquanto as primeiras-damas se reúnem no andar superior da residência. No entanto, Melania Trump não deve participar deste encontro.
Após o encontro de 2016 com o então presidente Barack Obama, Trump também fez uma visita aos legisladores no Capitólio, e repetiu o gesto nesta quarta-feira. O Capitólio, no entanto, foi palco de uma violenta invasão por parte dos apoiadores de Trump em janeiro de 2021, na tentativa de impedir a certificação da vitória de Biden.
Embora tenha sido criticado por seu papel no ataque ao Capitólio, Trump conseguiu retomar sua liderança no Partido Republicano, após a vitória nas eleições de novembro. Essa visita ao Capitólio e sua contínua influência no partido ocorrem enquanto os republicanos, que garantiram a maioria no Senado e estão prestes a manter o controle da Câmara, estão decidindo suas lideranças internas.
O presidente da Câmara, que tem se aproximado cada vez mais de Trump, disse esperar vê-lo repetidamente ao longo da semana, incluindo em um evento na noite de quarta-feira e no final de semana, em Mar-a-Lago, na Flórida.
Ainda não se sabe se Trump visitará o Senado, onde está ocorrendo uma eleição de liderança mais disputada, com a corrida entre Rick Scott, de Flórida, e dois senadores republicanos mais experientes, John Thune (Dakota do Sul) e John Cornyn (Texas), para substituir Mitch McConnell como líder do partido na Casa Alta.