Uma alimentação saudável não apenas beneficia o corpo, mas também promove a saúde cerebral. Praticar bons hábitos de vida, juntamente com uma dieta rica em nutrientes essenciais, pode contribuir para manter o cérebro jovem e ativo ao longo dos anos.
Conforme destacado pela nutricionista Lara Natacci, pós-doutora em nutrição pela Universidade de São Paulo (USP) e diretora clínica da Dietnet, a saúde mental e a alimentação estão intrinsecamente ligadas, assim como o cérebro e o intestino, estabelecendo uma relação bilateral.
"Quando temos uma alimentação mais rica em açúcar, em gorduras, em sódio, a gente tem mais inflamação no nosso corpo e podemos ter desbiose, que é um desbalanço nas bactérias intestinais, entrando mais toxinas e podendo causar reações ruins, inflamatórias no nosso intestino", explica.
Gisele Haiek, nutricionista funcional especializada em emagrecimento feminino e saúde da mulher, ressalta que um intestino desequilibrado prejudica a produção de neurotransmissores, que são essenciais para o funcionamento adequado do cérebro.
"Há uma conexão muito importante entre o cérebro e o intestino. Cuidar do ambiente intestinal, das bactérias e microrganismos que habitam por ali é muito importante", ressalta Gisele Haiek.
Para isso, as nutricionistas oferecem orientações simples: manter uma alimentação rica em nutrientes, incluindo substâncias anti-inflamatórias e antioxidantes para evitar o excesso de produção de radicais livres.
"Grande parte da serotonina, que traz a sensação de prazer e bem-estar, é produzida no intestino. Quando a alimentação não está boa, podemos prejudicar diversos neurotransmissores do cérebro, porque não teremos nutrientes suficientes. Precisamos de um intestino regulado, com as bactérias equilibradas. Quando não temos isso, o humor é prejudicado e a saúde mental também", alerta Lara Natacci.
Peixes, oleaginosas e fontes de gorduras saudáveis são fundamentais. Aproximadamente 60% do cérebro é composto por gordura, incluindo ácidos graxos ômega-3, cruciais para a memória, o humor e a proteção contra o declínio cognitivo.
"A gordura tem alta afinidade por toxinas (agrotóxicos, poluição, aditivos químicos, cosméticos). Não tem como não ter contato com esses itens, então o ideal é tentar ter uma alimentação o mais natural possível em 80% do tempo para que o sistema de limpeza do nosso corpo faça com que as toxinas não se acumulem no cérebro", diz Gisele Haiek.
Na lista dos alimentos benéficos para o cérebro estão os peixes gordurosos, como o salmão, as oleaginosas, o chocolate com teor de cacau de 70% ou mais, além de frutas e vegetais coloridos.
"A alimentação mais saudável vai prevenir doenças, trazer mais disposição, vai manter o metabolismo funcionando corretamente e vai manter a saúde do cérebro, melhorando a comunicação entre os neurônios, a capacidade cognitiva. E alimentação saudável não é proibitiva, você pode ter de tudo, mas precisa de alguns componentes no dia a dia, importantes para manter o organismo bem", esclarece Lara Natacci.
O alimento não é inimigo do nosso corpo; o problema reside no nosso comportamento em relação a ele, destacam as nutricionistas. O ideal, portanto, é aprender a "equilibrar os pratinhos".
"Se você está bem de saúde, tem uma alimentação adequada e bebe uma taça de vinho, seu corpo vai responder bem e segue o jogo", exemplifica Gisele Haiek.
Entretanto, o consumo excessivo de certos alimentos pode ter um impacto negativo na função cerebral, tais como açúcar, carboidratos refinados e alimentos ricos em sal. Portanto, é crucial estar atento ao consumo exagerado de açúcar, gordura e sódio. Além disso, o álcool também merece atenção, pois pode afetar a saúde neurológica.
Fonte: g1 / Fonte: Laura Natacci