noticias51 Seja bem vindo ao nosso site Rede Mult de Comunicação!

Notícias

Dólar sobe novamente e acirra preocupações com a inflação no Brasil

Na decisão da semana passada, o Copom destacou uma piora nos riscos relacionados à condução da política monetária do país.

Publicada em 06/08/24 às 08:39h - 23 visualizações

Marcos Carneiro / Rede Mult de Comunicação


Compartilhe
Compartilhar a noticia Dólar sobe novamente e acirra preocupações com a inflação no Brasil  Compartilhar a noticia Dólar sobe novamente e acirra preocupações com a inflação no Brasil  Compartilhar a noticia Dólar sobe novamente e acirra preocupações com a inflação no Brasil

Link da Notícia:

Dólar sobe novamente e acirra preocupações com a inflação no Brasil
Dólar alto pode impactar inflação.  (Foto: Karolina Kaboompics / Pexels / Rede Mult de Comunicação)
Desde o início de 2024 até o fechamento desta segunda-feira (5), o dólar já subiu 18,31%. A moeda norte-americana encerrou o dia cotada a R$ 5,7412, após ter superado a marca de R$ 5,86 durante o pregão. A recente valorização do dólar é uma das principais preocupações, agora exacerbada pela ameaça de recessão nos EUA.

Conforme relatado pelo g1, a alta do dólar se acelerou nos últimos dias, impulsionada pelo temor de uma recessão econômica nos Estados Unidos. Além disso, a situação é agravada por uma preocupação persistente com o cenário fiscal brasileiro e pela intensificação dos conflitos no Oriente Médio.

A taxa de câmbio representa um desafio direto para quem planeja viajar para o exterior ou fazer compras internacionais. Além disso, afeta negativamente as cadeias produtivas, elevando o custo de produção e contribuindo para uma inflação mais alta.

O aumento nos preços de produtos e insumos importados, bem como o impacto em commodities que passam a ser exportadas, resulta na redução da oferta interna. As previsões de inflação têm aumentado nos últimos meses.

Expectativas para a inflação brasileira

Nesta semana, o boletim Focus — um relatório do Banco Central do Brasil (BC) que compila as projeções de economistas do mercado financeiro para os principais indicadores econômicos do país — aponta uma estimativa de 4,12% para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2024. No final do primeiro trimestre, a estimativa estava em torno de 3,75%.

Conforme reportado pelo g1, a recente desvalorização do câmbio e a deterioração das expectativas forçaram o Comitê de Política Monetária (Copom) a adotar um tom mais rigoroso em seu comunicado sobre a decisão de juros, para evitar que a inflação brasileira saia de controle.

Agora, com a deterioração da situação observada nesta segunda-feira, há um novo fator de pressão sobre o dólar, que impacta a inflação.

A taxa de câmbio leva um tempo para influenciar os índices de preços. Se o dólar sobe alguns centavos, o IPCA não tende a mostrar uma aceleração imediatamente naquele mês, ou até no mês seguinte.

A maioria das empresas mantém estoques suficientes para lidar com variações de curto prazo sem precisar ajustar os preços para os consumidores de forma imediata. No entanto, se a tendência de alta persiste, os estoques se esgotam e a produção começa a ficar mais cara devido aos reajustes de preços e aos insumos importados.

Um exemplo é a criação de gado. A ração pode ser importada ou depender dos preços de grãos, que são cotados em dólar no mercado internacional. Com a valorização da moeda americana, é necessário gastar mais, resultando em um aumento no custo da carne bovina.

O mesmo ocorre na produção de pão e outras massas, que dependem do trigo importado, e no setor de combustíveis, que utiliza petróleo como matéria-prima. Setores como tecnologia, saúde e cosméticos também têm muitos de seus insumos importados.

Dessa forma, os primeiros a sentir os efeitos são os produtores. Os aumentos de custos provocados pela variação cambial precisam ser repassados. Assim, a alta do dólar acaba afetando serviços, como o comércio, e, por fim, o consumidor final.

Por que a moeda americana não para de subir

Especialistas consultados pelo g1 apontam três principais fatores que contribuem para a valorização do dólar em relação ao real:

- O receio de que uma recessão econômica possa afetar os Estados Unidos;
- O risco de que a escalada das tensões no Oriente Médio leve a um conflito entre Israel e Irã;
- A preocupação com a questão fiscal brasileira.

Recessão nos Estados Unidos

Nos últimos dias, o principal foco de atenção dos investidores tem sido a situação econômica dos Estados Unidos, com dados que indicam um desaquecimento mais acentuado do que o esperado na maior economia do mundo.

O dado que provocou quedas expressivas nas bolsas de valores globais e uma nova alta no preço do dólar nesta segunda-feira foi o relatório "payroll", um dos principais indicadores de emprego dos Estados Unidos.

Divulgado na última sexta-feira (2), o relatório mostrou que os EUA geraram 114 mil vagas não agrícolas em julho, uma desaceleração em relação aos 179 mil postos de trabalho criados em junho e bem abaixo das projeções de 176 mil vagas.

O setor privado criou 97 mil postos de trabalho, a segunda menor leitura desde dezembro de 2020. Além disso, o relatório revelou um aumento na taxa de desemprego, que subiu de 4,1% para 4,3%, com destaque para um importante desaquecimento nos serviços de saúde e educação, conforme aponta Helena Veronese, economista-chefe da B.Side.

Outros dados de emprego já indicavam essa desaceleração. Agora, o mercado teme que os juros ainda altos possam levar a um impacto mais severo na economia.

Atualmente, a taxa básica de juros está entre 5,25% e 5,50%, o nível mais alto em 21 anos. Juros elevados aumentam o custo de crédito e financiamento para pessoas e empresas, o que tende a reduzir a atividade econômica e o consumo da população, podendo eventualmente levar a uma recessão.

"O mercado realmente migrou de um extremo para o outro. Passamos de uma preocupação sobre quando o Fed vai cortar juros, já que a economia estava aquecida, para uma preocupação de 'será que a economia vai entrar em recessão?'', observa Veronese, da B.Side.

Uma recessão nos EUA afeta diretamente o mercado financeiro, com o impacto mais imediato sendo a redução dos lucros das empresas. Com a expectativa de resultados mais baixos, as ações dessas empresas tendem a se desvalorizar.

Além disso, há questões indiretas: a perspectiva de faturamento reduzido leva as empresas a investir menos, enfrentar dificuldades para pagar dívidas e, em casos extremos, demitir funcionários ou enfrentar falências.

Como resultado, os investidores deixam de buscar grandes lucros e se retraem. O fluxo de dinheiro, portanto, se desloca da bolsa de valores e dos investimentos diretos em empresas para ativos mais seguros, como os títulos de dívida americana (Treasuries), que são considerados os mais seguros do mundo.

Devido ao tamanho da economia americana, esse "caminho do dinheiro" é replicado em escala global, afetando as bolsas de outros países e fortalecendo o dólar.

Risco geopolítico no Oriente Médio

Para Helena Veronese, da B.Side, os desdobramentos do conflito no Oriente Médio podem ter um impacto maior sobre o dólar e a inflação do que a própria atividade econômica dos EUA. A economista explica que o mundo poderia enfrentar sérios impactos caso a situação evolua para uma guerra entre Irã e Israel, especialmente devido aos preços do petróleo.

O Oriente Médio é a principal produtora e fornecedora de petróleo no mundo, e uma redução na oferta poderia levar a um aumento acentuado nos preços.

O petróleo é um componente essencial em várias cadeias produtivas. Quando o preço do petróleo sobe significativamente, os efeitos são amplamente sentidos na inflação, afetando serviços de transporte e o custo de bens que utilizam petróleo na produção.

Em períodos de incerteza, como guerras, o dólar se torna a moeda de refúgio para investidores em busca de segurança, aumentando a demanda por Treasuries, por exemplo.

Risco fiscal no Brasil

Além disso, a situação fiscal do Brasil também gera preocupações entre investidores e especialistas. O mercado continua cético quanto à capacidade do governo federal de controlar as contas públicas.

A crítica principal dos mercados é que as medidas anunciadas pela equipe econômica se concentram predominantemente nas receitas, enquanto seria necessário um esforço mais significativo também do lado das despesas.

Em julho, o Ministério da Fazenda apresentou sua primeira medida concreta voltada ao controle dos gastos públicos. O ministro Fernando Haddad anunciou um congelamento de R$ 15 bilhões no Orçamento de 2024 como uma tentativa de cumprir o arcabouço fiscal. No entanto, mesmo com o congelamento, é possível que haja déficit nas contas este ano.

Maria Luísa Nepomuceno, analista de renda fixa da Nord Research, observa que o mercado espera um comprometimento mais amplo do governo federal com a meta fiscal, e não apenas alguns ministros, como Fernando Haddad, defendendo cortes de gastos.

Ariane Benedito, economista especializada em mercado de capitais, acredita que mais sinais de compromisso com a questão fiscal poderiam ajudar a manter a cotação do dólar em níveis mais baixos, considerando que outros aspectos da economia brasileira estão indo bem.

Até onde o dólar pode ir

Conforme relatado pelo g1 nesta segunda-feira, o dólar pode alcançar a barreira dos R$ 6, visto que os fatores que elevaram o câmbio recentemente não foram resolvidos. No entanto, analistas do mercado não esperam que esse nível seja sustentável por muito tempo.

As projeções do boletim Focus indicam um dólar a R$ 5,30 no final do ano. Nenhum dos analistas entrevistados para a reportagem desta terça-feira considera uma boa opção comprar dólares agora para se proteger das altas.

"Quando o mercado está muito volátil, é sempre melhor esperar para entender as novas trajetórias que essas variáveis vão tomar", conclui Maria Luísa, da Nord.

Como o consumidor pode se proteger do aumento dos preços

André Colares, presidente da Smart House Investments, ressalta que uma das principais pressões inflacionárias de um câmbio mais alto vem dos alimentos. Algumas estratégias podem ajudar o consumidor a mitigar os impactos.

A principal recomendação, segundo o especialista, é priorizar compras em atacarejos em vez de mercados menores de bairro. Devido ao maior volume de produtos, os atacarejos conseguem praticar preços mais baixos e repassar a inflação de forma menos intensa.

Colares também sugere que o consumidor estoque produtos não perecíveis para evitar sentir o impacto do aumento de preços mês a mês. Por exemplo, comprar pacotes de arroz e feijão para dois a três meses, em vez de apenas um.

Thiago Godoy, líder de educação financeira da Rico Investimentos, menciona a importância de escolher o dia certo para realizar compras, pois os preços podem variar conforme a data. Geralmente, os preços são mais altos no início do mês, quando as pessoas recebem salários, e mais baixos perto do dia 15.

Antes de adotar essas estratégias, é essencial realizar pesquisas de preços, que podem ser feitas online ou presencialmente. Godoy recomenda que o consumidor verifique e anote os preços dos produtos de interesse, para facilitar a comparação entre diferentes locais e datas.

Essas dicas são especialmente úteis para alimentos, mas também podem ser aplicadas a outras compras.



ATENÇÃO:Os comentários postados abaixo representam a opinião do leitor e não necessariamente do nosso site. Toda responsabilidade das mensagens é do autor da postagem.

Deixe seu comentário!

Nome
Email
Comentário


Insira os caracteres no campo abaixo:








Nosso Whatsapp

 (85)998180053

Visitas: 198141
Copyright (c) 2024 - Rede Mult de Comunicação - Seja você. seja plural, seja Mult!
Converse conosco pelo Whatsapp!